1.11.08

Ser do Todo: Santo

Existem dois tipos de ócios: um (...) existe por si próprio: é um fim em si; e como, na realidade, nada é, quem toma o ócio por si próprio acaba tendo o amargo gosto da profunda e perfeita inanidade; e não tendo outro remédio senão o de se suicidar, bebendo, jogando, ou matando-se mesmo. E o que, por outro lado, lança um elo comum entre homens e culturas tão diferentes é que todos eles viviam amando, viviam apaixonados e totalmente entregues a alguma coisa, ou fosse a fraternidade do bando primitivo, ou a compreensão do Universo, ou o serviço de Deus, ou a racionalização do mundo, a alguma coisa que os superava, que os transcendia, que, englobando-os, os aniquilava na unidade do amor. O homem só poderá salvar-se do ócio que o ameaça se aprender a sair de si próprio e se utilizar toda a liberdade de que poderá fruir para que plenamente se entregue àquele apaixonado amor, que, livrando-o de ter planos particulares, o integrará no grande plano do caminho do plural para o uno; do objecto para o sujeito; dele mesmo a Deus.
Agostinho da Silva

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