13.12.08





alo-me no reverso dos lábios secretos
que são
o que vem de dentro do pranto na tarde matutina
algo volátil se eleva e me alucina
para o sul os olhos partem-me
pássaros do todo em viagem de ser neblina e totalmente
são o que se esvai em prata na luz quando
tudo se envolve na fuga e na alvorada
em desgarrada ânsia
partida em tudo
nada começa assim alvor mácula e cristal sonoro
vou na perdição na sagração do azul e do longe
não me quero aqui
são crisálidas de anjos fátuos
as mãos que no adeus se medem com o infinito
um grito e uma pausa
caio e mergulho na florescência de estar em sol
ardente e consumado sem regresso
tudo
vão em vão e se sustem
na noite que vem de agora em diante
e traz a inundação do frio seminal
útero de espanto sagração do chão aberto
abismo e partitura em treva dedilhada pelos remos da barca
que leva os sonhos a outro mundo
e de lá traz a certeza de que a guerra é o que somos
filhos do esquecimento
obreiros da cegueira
construtores de amanhãs exaustos
poetas se nos quisermos desmedidos
e que o mundo seja uma explosão
ritmo
exaltação e tudo o mais

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