8.7.09

líquido esplendor



o tempo de chumbo derretido
na dor avermelhada de me querer inteiro
encheu até ao cimo
os moldes de ter sido
que cravei na areia da praia derradeira
com as mãos prestes a serem só mãos que pesam
queria que as minhas mãos me elevassem
de rojo sobre o chão preterido por todas as idas
me elevassem
à parturiente desolação das estrelas
à impermanente superação de todos os cansaços
revolta de querer ser mais
perdição desenhada a saibro e a humidade de suor
no mapa de quem se sabe fora do mundo
esta fúnebre docilidade sem um regaço terno e amável
calor de pele revertida nos afagos de querer ser gente
este ar equestre no secreto da calmaria de estar ausente
é o que desenterro da areia
a estatuária do impossível
a ossatura do improvável

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