18.2.09

futuro



o futuro nas águas revolto incontido
abissal promessa que não virá
porque o tempo nunca passa
esboroa-se como um bocado de madeira
corroído pelo bicho-carpinteiro
e fica sempre como um lastro
que puxa para o fundo a quilha do navio
mesmo se as velas em asas se converterem
mesmo se as ondas vaporosas promessas de travessia
trouxeram das entranhas da noite oceânica
e o futuro é o tempo que findou
além da memória e da redenção
é a terra sem pegadas
o chão nunca lavrado
o princípio por encetar
o esquecimento a florescer em alvorada e absolvição

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