27.2.09

A Melo-dia do Mundo

«Tudo é música e a sua dimensão silenciosa, que o silêncio é o substractum da música, o leito da mobilidade ondulatória e a natureza fantástica das cousas. Há só música e orelhas surdas ou de mercador e olhos fechados contra a luz. Quem se atreve a ver e a ouvir? Quem se atreve a dar um passo para além da noite? O ideal é estarmos vivos, dentro do túmulo. Dormir, eis o ideal da besta carregada; mas dormir um sono consciente, dormir gozando o próprio sono, a doce quietação, o desmaio delicioso. Como é belo divagar no crepúsculo, nessa praia ocidental, onde quebra a vaga do sol e a espuma do luar nos molha os pés...»
Teixeira de Pascoaes, O Homem Universal

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