A Rainha Morta - de Amor - e o Rei Saudade
«É a noite eterna de Alcobaça, recamada de estrelas acesas, com os túmulos de pedra a vogar no espaço galáctico, como dois invólucros astrais, enquanto cá fora se sucedem os anos, os séculos, os milénios, na esperança de que um dia possa raiar a madrugada do fim do mundo e a trombeta do arcanjo anuncie o final dos tempos.»
António Cândido Franco
A eternidade só poderia ser espelhada como tempo, sendo nesse espelho, visto ser Ausência (do tempo), que ela gradualmente se vai transformando, em Presença.
A mesma Força que a separou de si mesma, a reencaminha de novo a si. A Serpente-Saudade, quebradora dos laços da eternidade, em nome da Luz do Amor... é Ela a que desfia, fiando, a que desata, atando.
Unindo-os derradeiramente, em Glória.
O tempo que a memória guarda não é eterno, é, sim, ao tornar-se memória que o tempo se eterniza.
O Homem é o guardião da Árvore da Eternidade, ao converter em alma infinita o finito viver - o tempo. Dentro do Homem mora a noite eterna, porque é nela que este desde sempre mora (com as Mouras?).
O Amor é filho da Morte...
Como o Sonho é filho do Sono...
O Milagre da Vida,
o Mistério de Tudo.
Que no fim,
se resume a um Desejo que nos vence por completo.
O Amor só pode ser Além-Amor, porque a Morte é Além-Morte,
tudo é além de si, e só assim se pôde-pode revelar.
E a Saudade, Ela é já o próprio Além: o Além do Além, e não é isso que é ser, verdadeiramente, Aquém?
O Aquém-Mar, Portugal, que jamais se pode cumprir dentro dos limites que não há, somente para lá do ilimitado que tudo é.
Se somos nós os Criadores
do Amor,
como não Amar para lá do Amor?
Como não ser mais forte
que o Dragão da Morte?
Que a Eterna Morte, que nada é, senão em Nós!
Ahh!, tudo em mim se renova a cada instante,
como fugir do que nunca é o mesmo:
do que, não sendo, É?
É Amando para lá do Amor - em Amor Absoluto,
que a Morte é Amada para lá da Morte:
que a Morte mata sem matar.
Amar além do Amor é Amar além de-o ser Amado:
ao ser o Amado além de si
- ao serem ambos o próprio Amor.
«(...) quem guia a nau incerta muito além do vosso ousar é a Estrela que desperta vosso Amor-além-do-amar.»
Dora Ferreira da Silva
D'Alcobaça, metade de mim
(ou do que de mim ao meio se não divide).
4.4.09
Além-Amar
Tipo de Jogo:
amor,
Eternidade,
História de Portugal,
Mãe-Terra,
mar,
Memória,
Poesia brasileira,
Poesia Portuguesa,
saudade
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário