Ana, vejo nesta fotografia, ou neste e nesse momento, a atracção pela Luz. Também me pergunto se é a Luz que nos atrai ou se somos nós atraídos por ela, o que neste caso, é a mesmíssima coisa. No entanto, o Homem atrair a si o Sol é tão real como o contrário. A física explica-o pela atracção dos corpos. O que é tarefa quase inimaginável é pressupor ou imaginar esse facto, dada a sua dimensão.
O vento despenteava as pessoas que ali espontaneamente se reuniram. A atmosfera vive e movimenta-se por acção directa do Sol, e ao ocaso, esse ciclo é invertido, no momento exacto que Ele se põe. As rajadas aumentam, e pode mesmo ouvir-se o último sopro de vento no exacto momento em que se dá o fenómeno mais que explicado do pôr-do-Sol. Depois, por conseguinte, o ar torna-se mais frio e as correntes térmicas voltam a ser descendentes. O dia acaba, o vento abranda e a noite começa.
O que também me prendeu, por assim dizer, neste fim-de-tarde imortalizado por uma fotografia, foi o abraço entre todos os que ali se apresentaram para imortalizar também em memória mais um dia passado. Em particular, o amor, entre os seres que procuraram ou foram atraídos por essa luz; o abraço irmão. Só ao chegar a casa reparei nessa troca de olhares imortalizada à luz do Sol que se punha por detrás das nuvens quentes ao alto do cabo de São Vicente, e o mundo como pano de fundo. O mito, o ritual.
Talvez não seja preciso saber, basta estar-se presente fazendo parte e vida nessa interacção.
Um beijo também para ti amiga.
Embora pouco presente, não deixo de vos ter no coração, talvez nunca deixe, por isso regresso à ilha, à luz deste abraço, deste encontro.
Nesta Ilha há um só Rei: o Amor há uma só Lei: a Liberdade
Em realidade não há nela bem nem mal apenas seres recriando uma mesma Ca(u)sa
Nossa Senhora da Conceição
Rainha do Mar - Creio (Música de Ana Moura)
Fundada por Fernando Pessoa, antes de todos os tempos e de todos os lugares. (E depois também.)
A este espaço do tempo em que os limites são ocos apenas chegam os loucos os amantes sem teto sedentos da plena liberdade de Ser em verdade Nada e Tudo O Presente o Passado
Como ondas do mar dançam em mim os pés do teu regresso.
Há muito que deixei aquela praia De grandes areais e grandes vagas Mas sou eu quem na brisa respira E é por mim que espera cintilando a maré vasa.
No mar passa de onda em onda repetido O meu nome fantástico e secreto Que só os anjos do vento reconhecem Quando os encontro e perco de repente.
O mar azul e branco e as luzidias Pedras – O arfado espaço Onde o que está lavado se relava Para o rito do espanto e do começo Onde sou a mim mesma devolvida Em sal espuma e concha regressada À praia inicial da minha vida.
De todos os cantos do mundo Amo com um amor mais forte e mais profundo Aquela praia extasiada e nua onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Casa branca em frente ao mar enorme, Com o teu jardim de areia e flores marinhas E o teu silêncio intacto em quem dorme O milagre das coisas que eram minhas.
Não há fantasmas nem almas, E o mar imenso, solitário e antigo, Parece bater palmas.
Aqui nesta praia onde Não há nenhum vestígio de impureza, Aqui onde há somente Ondas tombando ininterruptamente, Puro espaço e lúcida unidade, Aqui o tempo apaixonadamente Encontra a própria liberdade.
Reino de medusas e água lisa Reino de silêncio luz e pedra Habitação das formas espantosas Coluna de sal e círculo de luz Medida da Balança misteriosa
Vem do mar azul o marinheiro Vem tranquilo ritmado inteiro Perfeito como um deus, Alheio às ruas.
O sol rente ao mar te acordará no intenso azul Subirás devagar como os ressuscitados Terás recuperado o teu selo, a tua sabedoria inicial Emergirás confirmada e reunida Espantada e jovem com as estátuas arcaicas Com os gestos enrolados ainda nas dobras do teu manto Sophia de Mello Breyner Andresen
4 comentários:
Resta saber se é o Sol que saúda as pessoas, ou se são as pessoas que saúdam o Sol...
Ou talvez não seja preciso saber...
Um beijo.
:)
Ana, vejo nesta fotografia, ou neste e nesse momento, a atracção pela Luz. Também me pergunto se é a Luz que nos atrai ou se somos nós atraídos por ela, o que neste caso, é a mesmíssima coisa. No entanto, o Homem atrair a si o Sol é tão real como o contrário. A física explica-o pela atracção dos corpos. O que é tarefa quase inimaginável é pressupor ou imaginar esse facto, dada a sua dimensão.
O vento despenteava as pessoas que ali espontaneamente se reuniram. A atmosfera vive e movimenta-se por acção directa do Sol, e ao ocaso, esse ciclo é invertido, no momento exacto que Ele se põe. As rajadas aumentam, e pode mesmo ouvir-se o último sopro de vento no exacto momento em que se dá o fenómeno mais que explicado do pôr-do-Sol. Depois, por conseguinte, o ar torna-se mais frio e as correntes térmicas voltam a ser descendentes. O dia acaba, o vento abranda e a noite começa.
O que também me prendeu, por assim dizer, neste fim-de-tarde imortalizado por uma fotografia, foi o abraço entre todos os que ali se apresentaram para imortalizar também em memória mais um dia passado. Em particular, o amor, entre os seres que procuraram ou foram atraídos por essa luz; o abraço irmão. Só ao chegar a casa reparei nessa troca de olhares imortalizada à luz do Sol que se punha por detrás das nuvens quentes ao alto do cabo de São Vicente, e o mundo como pano de fundo. O mito, o ritual.
Talvez não seja preciso saber, basta estar-se presente fazendo parte e vida nessa interacção.
Um beijo também para ti amiga.
Embora pouco presente, não deixo de vos ter no coração, talvez nunca deixe, por isso regresso à ilha, à luz deste abraço, deste encontro.
É bom saber quem somos.
Saúde!
Quem Ama está sempre Presente (pois o Amor também é a Distância).
«É bom saber quem somos.»
É e será esse o Princípio, a partida, para Tudo. Fecundíssimo Nada que é...
Até Sempre.
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