O Presente é o Corpo do Passado.
Na vida - atualmente, cada dia que passa é menos um dia que se vive, isto é, o corpo através do qual nascemos, e por que vivemos, no fundo, não se altera em relação ao que já era na origem. A vida é-nos então concedida por inteiro desde o início (involuntariamente).
Com isto, o que vivemos no que designamos como Presente, em realidade, é inscrito no nosso corpo durante o nascimento. Em verdade, não há Futuro, o que vemos como Futuro é o Passado... regressando, e assim se compreende a morte.
Apenas quando o Presente-Passado se ligar efetivamente ao Futuro, ou seja, ao tempo em que não se está nem se esteve, será Presente, aliando inteiramente os dois tempos, opostos, ou mutuamente reflexos - Passado e Futuro.
Assim, Regresso ao Futuro pode ser equivalente a Regresso à Origem. Pois o Futuro é o tempo em que, por nunca ter existido, o ser permanece a ser quem é:
é o tempo sem tempo, eterno.
O que leva a:
Amanhã é Ontem.
O Futuro é a Infância.
6.11.08
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14 comentários:
"o corpo através do qual nascemos, e por que vivemos, no fundo, não se altera em relação ao que já era na origem"
Como a experencia de cualquer pode contradicer a anterior afirmación, pois o corpo é mudable, e como todo, no heracliteano fluir, se deteriora e morre; acho que ao falar de corpo te estás referindo a outra cousa, diferente do humano corpo.
Entendo que este corpo receve o fatum ao nacer, cuxa realización só é posible como referencia ao pasado, á orixe que é a infancia.
Mas, desde o meu ponto de vista, a orixe non é a infancia. A orixe é a mae. E o que que desexa a orixe para cumprir o futuro é o infante que hai en nós, inscrito desde o inicio como fatum.
Agora xa é posible aventurar que o corpo do que falas é o corpo do puer, que é eterno. Mas ese corpo é divino, non humano. O seu destiño, como tentarei explicar nunha vindeira entrada, é a morte (a mae da que nace) para volver a renacer.
Identificar este ser divino en nós é fundamental. Mas é máis importante ainda aprender a observar a vida (e morte) deste ser, como distinta da nosa vida humana. Pois se tal non acontecera, a identificación co seu destiño, nos levaría a unha morte segura (podería dar muitos casos, mas iso xa irá aparecendo).
Un forte abrazo
"ao que já ERA na origem"
Poderá haver outra forma de o dizer que seja mais fácil de ser entendida, mas é óbvio que não me refiro a essa mudança constante de estado. A não-mudança a que me refiro é a que faz com que ao mesmo tempo que o corpo se desenvolve, regride - isto é, o equilíbrio original mantém-se, ou, há um denominador comum: a mudança do corpo em relação a um estado anterior é proporcional ao regresso ao mesmo... :P tentei..
Só há mãe se há infante - infância, e vice-versa. Não faz sentido dizer que a origem é só a mãe... poderá ser o conjunto de ambos - há um momento em que são um mesmo.
Continuando na minha aventura integradora:
O corpo divino é também humano, apenas é humano pleno. Humano, como é agora, implica estar sujeito ao tempo, ao divino apenas lhe foi complementado o sem-tempo (mantém-se unido à mãe...).
O corpo humano estará a aproximar-se desse corpo total...
Beijo!
(O corpo humano estará a aproximar-se desse corpo total... acompanhando a sua mente - e o sentimento)
(a mudança do corpo em relação a um estado anterior é proporcional ao regresso ao mesmo...
sendo a morte o re-nascimento)
Oi
O que é um dicionário ?
Por exempo : O DICIONÁRIO DA LINGUA PORTUGUESA , INGLESA ,...
O que é o DICIONÁRIO DA VIDA ?
Só para somar a estas interessantes reflexões filosóficas sobre a realidade da vida .
Continuem que eu prometo acompanhar as reflexões .
Mas não esqueçam de utilizar reciocinio primo para não nos confundirmos .
Vaketu
Oi
O que é o DICIONÁRIO DA VIDA HUMANA ?
Vaketu .
Valdemar,
o que é raciocínio primo?
Abraço.
(Quanto ao Dicionário acho que não sei...)
Oi Anita
Raciocinio primo você mesmo nos explicou anteriormente com palavras primas .. ou seja ,
querer mergulhar tão profundamente na percepção da vida como parece ser a intenção aqui é muito complicado e pode gerar confusão nos outros e até em nós mesmos .
Poucos humanos se permitem isso .
Para conseguirmos aprofundar a vida precisamos de ter muito cuidado em utilizar uma lógica que não nos confunda .
Por isso , convém construir um raciocínio directo e ao mesmo tempo profundo .. mas me parece que é o que está a acontecer aqui .
Continuem que estou a gostar imenso .
Vaketu .
Oi
Morrer é tornar à origem pois partículas atómicas nós somos .
O presente , do passado que somos , é um instante tão curto , é uma luz a passar , que de tão ápice que é na realidade é um nada infinito .
E constatar esta realidade nos daria a humildade suficiente para querer mergulhar profundamente na vida a maior parte do nosso presente , por detrás das palavras , pois é a única coisa que realmente temos e que a luz nos permite .
Não quer isto dizer que os pensamentos não são muito importantes senão não estaríamos agora aqui , neste saboroso presente reflexivo .
A nossa vida é um dicionário , memórias de um passado que se esvai num instante a passar , nesta luz que somos a viajar no espaço sideral .
Se a humanidade se for , o que são os dicionários das línguas humanas , memórias do presente humano ?
As outras memórias humanas escritas na matéria física planetária também retornarão à origem .
Não é verdade ?
Vaketu .
Parece que sim, que é. Mas nada como prová-la, (vi)vendo-a. E todos estamos afinal num mesmo barco que para ela se encaminha.
O meu dicionário só pode ter palavras de Amor, em todo o seu fulgor, pelo que o seu futuro só poderá ser a... "espantosa realidade das coisas".
Cada um vai em si esculpindo essa obra... de si para si, e ao mesmo tempo também em conjunto com os outros.
Saravá.
Vou modelando, muitas vezes toscamente, a minha obra, mas sempre vendo-a como a mim mesma...
sendo-a.
(E por isso... as suas falhas)... ;P*
E principalmente, incapaz de não a ver com caridade, no sentido de caridade que Agostinho da Silva tão bem conhecia...
"Ter caridade para uma pessoa não significa, como em geral pensam as pessoas, ajudá-la a viver com aquilo que nos sobra a nós. Caridade significa ver no outro a graça, «charis», que está oculta pela sua miséria, pela sua falta de educação, pela sua deformidade física mesmo. (...) E o homem que vê no miserável, no desgraçado que pede esmola ou naquele que leva uma vida miserável, a «charis» interior, a graça com que ele nasceu e que perdeu vivendo - isso é que é a caridade."
Oi
Tive o extremo privilégio de conviver pessoalmente com Agostinho da Silva em Lisboa e depois em Angola .
A vida ofertou-me esse instante em mim e nele com certeza .
A. da Silva é a criança , a infância de que aqui se fala e por isso , muitas vezes , muitos o confundem e não conseguem mergulhar na sua essência , na luz que ele É .
Mas não é importante os que os outros sentem mas o que nós sentimos e ao redor , quem quiser , sinta também pois neste século XXI muitos têem a liberdade de optar e construir em si a sua OBRA .
Vaketu .
:)
Permanece-me na memória o fim do filme sobre Agostinho, em que o neto escreve algo como:
No Domingo de Páscoa, dia 4 de Abril, Agostinho regressou ao lugar de onde veio, o Futuro.
Na altura achei bonito, mas agora sim começo a ver a beleza inteira. ;)
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