10.12.08

Poema para a Anita



queria enviar-te um e-mail
mas hoje prefiro um poema
mesmo desconjuntado e sem preceito
é que num poema cabem coisas mais verdadeiras que as que normalmente fazem de correspondência
mesmo de correio electrónico
estranha coisa feita de nada e de choques eléctricos
assim posso para começar desejar-te um bom universo
não apenas um bom dia
posto que tudo o que é diurno é passageiro
e posso perguntar-te pelas estrelas que habitam o teu firmamento
e que formam canteiros de longe e perdição no jardim da tua vida
não monótona
não sei se por acaso
mas por acaso apetece-me pôr aqui uns pirilampos
só visíveis a partir duma noite tecida de espanto e maravilha
a mesma em que te instauro destinatária deste poema
e que maravilha não ter que usar pontuação
só vertigem e imensidade
e que tenhas grandes coisas pequenas
como sorrisos sem porquê e flores lindas no caminho
que fizeres daí para onde fores no teu quotidiano vagar
ou que tudo te seja doação e flor
melhor ainda se nem disso tiveres consciência
apenas o deleite e a fantasia a exaltar-se e a tornar-se fonte e sede degustada
e uma janela fica aqui bem sobre a concretude e a continuidade da ordem do mundo
para que os aromas verdejantes do não visto te chamem para a eterna descoberta
do que há dentro e fora de ti
e o mais também
tudo o mais te seja dado a beleza fulgurante e a luz sem resistências oculares
a luz a que te vejo
nos imperituros tons que revestem os seres alados
os seres músicos
que se dão à vida
e a tornam sempre límpida

3 comentários:

Unknown disse...

Bem se sabe, que essa Anita que tu vês em mim não existe. :)

Unknown disse...

(e é por isso que é tão verdade, o que dizes)

Paulo Feitais disse...

:)