3.1.09

Um Sol-o

Ó Sol, que tudo iluminas e és.
Que Ser senão em Ti,
senão como Tu,
Um?

Apenas me sou em meu corpo, apenas os outros sinto por meu corpo.
Meu corpo, o único através do qual o mundo me acontece.
Como não crer que tudo se dê como sendo um... só?

«O que sentimos, não o que é sentido, é o que temos.»
Fernando Pessoa

Ou é o que somos...

6 comentários:

Paulo Feitais disse...

É, há uma diferença abissal entre o ter e o ser.
(o teu comentário de hoje caiu-me do céu, pela consonância, não pelo que dizes sobre o que não vejo no que escrevo - é só uma forma de convivência, talvez crepuscular...).
E ser um, ser no UM...
A compreensão disso é tudo o que é preciso.
Talvez um dia, Anita. :)
Mas agora vou-me que ando numa fase macambúzia. ;)

beijo enorme!

Unknown disse...

Olá Paulo, estava aqui lendo o que contigo vou partilhar:

«Sabiamente falou quem disse que a perfeição não consiste nos verbos, senão nos advérbios; não em que as nossas obras sejam honestas e boas, senão em que sejam bem feitas. E para que esta condicional tão importante se estendesse também às cousas naturais e indiferentes, inventou o Apóstolo S. Paulo um notável advérbio. E qual foi? "Sois casado? (diz o Apóstolo), pois empregai todo o vosso cuidado em Deus, como se não fôreis. Tendes ocasiões de tristeza? Pois chorai, como se não choráreis. Não são de tristeza, senão de gosto? Pois alegrai-vos como se não vos alegráreis. (...) Finalmente usais de alguma outra cousa deste Mundo? Pois usai dela, como se não usáreis." (...) De sorte que quanto há ou pode haver neste Mundo, por mais que nos toque no amor, na utilidade, no gosto, a tudo quer S. Paulo que acrescentemos um 'como se não'.»
(António Vieira)

Isto lembra-me Pessoa, "O Poeta é um fingidor"

Beijinho!...

Paulo Feitais disse...

É. Há pouco dei por mim a pensar precisamente nesse "como se não". O poeta é um fingidor e um "esfingidor", capaz de transcensão, precisamente por essa hipocrisia da autenticidade.
Beijo enorme!

Unknown disse...

Parece-me que a hipocrisia não será da autenticidade, ou da possibilidade de se ser autêntico (ou pelo menos a possível autenticidade de acordo com as condições temporais, já que não poderá ser total), mas do que o homem vê como sendo autenticidade. (Ou que não vê...)

Mas duvido que também tenha sido isso que quiseste de dizer, apenas me ocorreu esta tentativa de explicitação...

Es-finjamos, então! :)

luizaDunas disse...

Cara Anita, venho à Ilha para te cumprimentar e agradecer, primeiro o convite enviado para participar desta cultura insular viva e exuberante. Creio que não cheguei a fazê-lo na altura em que o fizeste, há uns meses. Não tenho, efectivamente, muita capacidade anímica para estar em ligação frequente pela via internet. No entanto, continuaremos a encontrar-nos, mais provavelmente na Serpente do que na Ilha.

Agradeço-te também as músicas que me deixaste. Adoro ouvir Fado. O meu pai cantava e canta fundamente o Fado. Entrou-me na alma cedinho.


Anita e Paulo
Vim hoje ao vosso encontro como se não soubesse que vos encontraria belos, tão belos...

Até breve.

Unknown disse...

É um prazer ver-te por aqui, Luiza.
Onde quer que estejas, continuamos perto.

Um beijo grande!