12.2.09

A Vida da Economia Morta

«Na corte, o verdadeiro rei não é D. Manuel, cuja mesquinhez todos reconhecem; nem D. João III, cujo misticismo excede a capacidade comum; nem D. Sebastião, um desvairado; nem o Cardeal, um caquético. O rei é o dinheiro, as façanhas são as razias e os saques da Índia (...).»
Oliveira Martins, Camões

Não há governo de Sócrates, nem chefia de um patrão, há sempre o dinheiro, falsamente comandando as ações.
O dinheiro, essa riqueza que vale, em si, coisa nenhuma, existindo apenas porque Há o Homem, sendo este a única riqueza, em conjunto com a Natureza.
O verdadeiro comércio (que no seu sentido maior significa convivência) só pode fazer-se através do que é Real, do que é a essência de quem o realiza, tal como acontece, naturalmente, na comunicação. Não é de agora que o dinheiro se tornou virtual, isso sempre ele o foi (ou nada foi). A base do sistema de relações humanas tem sido uma moeda de troca que não tem cara nem coroa, que, quanto muito, poderia funcionar simbolicamente, mas o simbolismo converteu-se em Economia Real, o homem-comerciante, por consequência direta, em metal e papel-morto, ou, mais recentemente, em valor fictício.

«(...) A gente que no mundo mais fez pelo comércio foi a inglesa, cuja glória é a poesia pessoal e lírica; e nós, que demos prova cabal da nossa incapacidade mercantil, pois do próprio Oriente o rendimento líquido ia parar às mãos de flamengos e ingleses que nos levavam todo o ouro: fomos nós que nos Lusíadas escrevemos o poema do comércio.»
Oliveira Martins, Idem

1 comentário:

Paulo Feitais disse...

o dinheiro, sendo uma forma de energia, deve ser colocado ao serviço do que é maior...
e o amor, a energia suprema, tudo providenciará...
Anita, um beijo!

:)